Gestão de saúde nas empresas
- Dr. Eduardo Arantes
- 20 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Sempre defendi que o ambiente empresarial é um campo fértil para a prevenção de doenças e a promoção da saúde. Uniformidade, controle de informações e a possibilidade de gestão da medicina assistencial, a saúde ocupacional e as ações de qualidade de vida no trabalho, compõem a chamada Gestão Integrada de Segurança, Saúde e Qualidade de Vida. Todas as empresas acabam funcionando como organizações “de e para” a saúde, impactando nas pessoas, sociedade e economia.
Apesar disto, o custo com a saúde dos funcionários nas empresas cresce, dentre outros motivos, pela alta taxa de sinistralidade, a inflação médica e a incorporação de novas tecnologias ou tratamentos. Por que a sinistralidade aumenta mesmo com os investimentos em promoção da saúde?
A revista Você RH listou os sete erros da gestão da saúde e eu fiz um pequeno esforço para adaptá-los:
1- A terceirização da saúde: não se terceiriza a gestão e a saúde pode ser um grande negócio para empresa, mesmo este não sendo seu negócio principal.
2- Ações de promoção da saúde e prevenção de doenças sem foco em que realmente precisa e deve ser feito. Muita cosmética e tiros para todos os lados.
3- Falta de indicadores de processo e de resultado. Quase tudo deve ser medido e controlado. O numero de frequentadores da academia da empresa é um indicador de processo. Os indicadores de resultado são: estes frequentadores reduziram sua sinistralidade médica, perderam peso, se acidentaram menos?
4- Não saber se comunicar. A comunicação é o Tendão da Aquiles da gestão de saúde.
5- Coparticipação: um erro, pois pode colocar barreiras para o tratamento efetivo, ou seja, como eu tenho que pagar, deixo de marcar uma consulta ou de fazer um exame importante.
6- Troca-troca de operadora. O critério de escolha não pode ser somente o preço mais baixo.
7- Atenção só aos crônicos, como os hipertensos, diabéticos, obesos e cardiopatas. O saudável evolui rapidamente para a condição de crônico se não for contemplado nos programas.
O médico, principalmente o médico do trabalho e o clínico geral, são figuras muito importante neste processo, pois eles são a porta de entrada desta complexa cadeia. Não cobrar coparticipação de consulta com clínico geral e estimular a consulta com este profissional pode evitar os famosos vai e vem entre médicos de diversas especialidades. Um exemplo prático: na consulta ginecológica de rotina há uma leve alteração nas enzimas do fígado. Esta paciente é encaminhada a um hepatologista que solicita uma série de exames de sangue e de imagem.
Todos normais, porém o Ultra Som revela um cisto no rim e a paciente é encaminhada ao nefrologista ou ao urologista. Este solicita outra série de exames de sangue e de imagem e adivinhe? Todos normais e a paciente vai conviver com o cisto pelo resto da vida. Se o primeiro médico observasse que a paciente encontra-se fora do peso e com elevação dos Triglicérides, uma simples dieta reduziria os níveis das enzimas do fígado e este processo seria bem simplificado e menos dispendioso financeiramente. Era só fazer atividade física, dieta e repetir os exames em três meses.
Para finalizar, outras ações como o gerenciamento de internações, auditorias médicas, second opinion e gerenciamento de high users, muito comuns em consultorias especializadas, não funcionam se o paradigma for continuar sendo a doença e não a saúde.
Estas ações são necessárias, porém estão no topo da pirâmide. Na base estão as ações de bem-estar. Aqui está o resultado
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