Disfunções Sexuais
- Dr. Eduardo Arantes
- 30 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Vamos falar de impotência (disfunção erétil para o menos íntimos e um termo livre de estigmas) e a ejaculação precoce. Dois fantasmas que assombram os homens e as mulheres, lógico!
Sou médico do trabalho e nas empresas onde atuo ou atuei, sempre percebi uma resistência dos homens em falar sobre o assunto, por mais próximos que estávamos. Vergonha, medo e falta de informações sobre as causas e tratamentos das doenças eram barreiras claras. Realizamos exames periódicos anuais e quando eu quebrava esta barreira, informava que a Disfunção Erétil (DE) era muito frequente, ou seja, informava que ele não era o único que está passando por isso.
Vamos aos fatos. DE é a incapacidade persistente em obter e/ou manter uma ereção adequada para a atividade sexual. Destaco a palavra persistente. Falhar de vez em quando é normal, por mais chato que seja.
A ereção, infelizmente, não começa no pênis, e sim, na mente. Já complicou antes mesmo de começarmos. Cabeça ruim, ereção ruim. Só para polemizar um pouco mais, o desequilíbrio hormonal não tem papel tão relevante na disfunção erétil. Até eunucos tem ereção! A testosterona tem papel importante na libido. Para não dizer que não falei das flores, os hormônios tireoidianos podem levar a problemas sexuais e seu médico deve estar atento a este detalhe também.
As principais causas da DE são as psicogênicas e as físicas (ou orgânicas). Geralmente uma combinação das duas o que pode gerar a chamada “ansiedade de desempenho”. Um ponto importante: se você não consegue ter uma ereção ou somente uma semi-ereção quando se masturba, provavelmente a causa será física. Também se ela se manifestou aos poucos e se não existe ereção noturna. As psicogênicas geralmente aparecem bruscamente, se existem ereções noturnas ou com a masturbação e se acontece somente em algumas situações.
DICA: fale do seu problema com sua parceira (o). Leve a (o) na consulta médica. Não sofra em silêncio.
A ereção é um mecanismo “hidráulico”: vasos sanguíneos se dilatam para a entrada de sangue no pênis e algumas veias, que geralmente levam o sangue embora do pênis, são comprimidas. Mais sangue entrando e menos sangue saindo, ocorre a mágica. As principais causas físicas são: aterosclerose (endurecimento das artérias do
pênis), complicações do diabetes, pressão e colesterol altos. Fumo, álcool e drogas ilícitas também. A relação do diabetes com a disfunção erétil é tão íntima, que esta pode ser o primeiro sinal do diabetes.
O famigerado estresse impacta muito na função sexual. Ficar excitado, por mais paradoxal que seja, depende da nossa capacidade de relaxar. A depressão é outra vilã dos prazeres da vida e é causa e consequência da disfunção. Uma coisa pode levar a outra.
DICA: se fuma, deixe de fumar (gostaria de colocar esta dica em todos os meus artigos).

E os medicamentos para pressão alta, podem provocar DE? Hoje temos um arsenal de medicamentos
de última geração e com pouquíssimos efeitos colaterais. A verdadeira causa é a própria pressão alta e não o seu tratamento, como já sinalizamos acima. Aqui é muito importante consultar seu médico, pois só ele poderá alterar a prescrição.
DICA: reserve tempo para você e sua companheira (o). Valorize a sensualidade, a ternura e o carinho.

H. L. Mencken disse: “Imoralidade é a moralidade daqueles que se estão a divertir mais do que nós”. Não tem nada de imoral ser feliz no sexo.
DICA: experimente estímulos visuais e fantasias.
A cirurgia de próstata, muitas das vezes uma escolha positiva e necessária para resolver algum problema muito sério, pode ser causa de DE. Seja causada pelo trauma cirúrgico ou por medicações para tratamento do câncer de próstata, essa DE é tratável.
Existem tratamentos muito eficazes para a DE, mas só o seu médico poderá prescrever. Aquele remédio famoso foi uma das maiores revoluções na sexualidade masculina. Se precisar, não vamos ficar de fora. Alguns especialistas chamaram este medicamento de “pílulas românticas”, pois elas só funcionam se o homem tiver o desejo sexual.
DICA: tomar aquelas “pílulas azuis” sem ter disfunção erétil é um desperdício de dinheiro e potencialmente prejudicial à saúde.
Não se conserta algo que nem estragou ainda.
Vamos para o outro fantasma!
Os problemas de ejaculação (ejaculando rapidamente ou não sendo capaz de ejacular) são muito comuns nos consultórios médicos. Vamos falar da ejaculação precoce que é aquela que ocorre ou antes da penetração ou após a penetração na vagina, ânus ou boca sem que o homem tenha controle. Óbvio que isto deverá ocorrer com frequência, ou seja, em pelo menos 50% das relações.
Fomos educados para ejacular rápido. Quando adolescentes, a masturbação tinha que ser rápida, pois um minuto sozinho no quarto era raro e quando começamos a fazer sexo, pelo menos pela minha geração, era na parte de trás do carro ou quando os pais estavam fora e nunca sabíamos quando iriam voltar (não tinha celular, Whats, ...).
DICA: a melhor maneira de saber se o tempo de sexo foi suficiente é quando ambos estão satisfeitos.

Mais uma vez os problemas psicológicos podem pesar mais que os físicos. Procure um médico de sua confiança.
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