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Você é normal?

O conceito de normalidade é sempre gerador de grande controvérsia. Afinal de contas, você é normal? Este debate é vivo, intenso e nos dias atuais, tem fortes conotações políticas e filosóficas. Peço desculpas antecipadamente. Este artigo tem mais perguntas do que respostas.

Ainda não lançada, a Classificação Internacional de Doenças, na sua versão 11 (a futura CID-11), descreve o transtorno leve de personalidade (mild personality disorder). Será a patologização da normalidade? Eu não posso ser considerado normal se em apenas alguns contextos sociais, apresento problemas não graves na identidade, alguma dificuldade em relações interpessoais, no desempenho no trabalho e em relações sociais? Eu terei que ser medicado? Não corro risco de ter um diagnóstico psicopatológico exagerado e de medicalização inapropriada? Acompanho diariamente casos como este, principalmente no mundo corporativo.


Mais um detalhe, a atual CID 10 tem 14.400 códigos de doença, enquanto a CID-11 terá 55 mil. Meu Deus, de onde tiram tanta doença?


Na psicopatologia, há inúmeros critérios de normalidade. Não é o objetivo deste artigo descrevê-los, mas só para aguçar sua curiosidade, há normalidade como ausência de doença, normalidade ideal, normalidade estatística, normalidade como bem-estar, normalidade funcional, normalidade como processo, normalidade subjetiva, normalidade como liberdade e normalidade operacional. Definitivamente, não é fácil ser normal.


Tratar a timidez, a fobia social, o envelhecimento e a menopausa, a memória e o transtorno de estresse pós-traumático precisam ter critérios de tratamento técnicos, não somente medicamentosos e destaco a importância de se avaliar os fatores biológicos e psicossociais.


DICA: é normal ser um pouquinho anormal.


E não é só na fase adulta. A medicalização desenfreada na infância, principalmente no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) poderá trazer consequências sérias no desenvolvimento destas crianças.


Ao lado da medicalização, surgem a “psiquiatrização” (transformação de problemas não psiquiátricos em psiquiátricos) e “psicologização” (transformação de problemas não psicológicos em psicológicos. O Prof. Paulo Dalgalarrondo, inspiração e referência para este artigo, cita que “em diversos países e no Brasil, em particular, há o paradoxo de muitas pessoas com transtornos mentais graves (como esquizofrenia, transtorno bipolar, autismo, depressão grave, etc.) não terem acesso a cuidados de saúde mental adequados, enquanto em outros grupos, socioeconomicamente mais privilegiados, há medicalização e psiquiatrização de condições não médicas (p. ex., a tristeza comum, decorrente de conflitos e/ou infelicidade conjugal, sendo medicalizada como “depressão” e tratada com psicofármacos, ou o fracasso escolar devido a inadequações pedagógicas sendo psiquiatrizado como TDAH)”.


DICA: seja você mesmo, mas em ocasiões oportunas.

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